Por Elias Lima Júnior
Dados Biográficos
Kay Bussey é uma renomada psicóloga australiana, reconhecida por suas contribuições significativas para a teoria social cognitiva, especialmente no estudo do desenvolvimento moral e do comportamento social em crianças e adolescentes.
Formação educacional
Bussey obteve seu doutorado em Psicologia pela University of Queensland, com parte de seus estudos realizados na University of Oregon (EUA). Durante sua formação, foi profundamente influenciada por Albert Bandura, cuja teoria social cognitiva serviu de base para muitos de seus estudos posteriores. Após concluir o doutorado, cursou seu pós-doutorado na Stanford University sob a supervisão de Bandura, consolidando uma colaboração acadêmica de longa data.
Trajetória profissional
Kay Bussey é professora associada no Departamento de Psicologia e no Centro de Saúde Emocional da University of Macquarie, em Sydney. Sua trajetória profissional é marcada por uma série de publicações influentes que exploram temas como o desenvolvimento moral, a autorregulação e o papel dos modelos sociais no comportamento infantil. Além disso, também colaborou extensivamente com Albert Bandura, como coautora de artigos e capítulos de livros que expandiram a compreensão da teoria social cognitiva. Ela foi reconhecida com diversas premiações, incluindo o Prêmio de Carreira Inicial da Sociedade Psicológica Australiana e o Prêmio MQ de Excelência em Supervisão de Pesquisa de Grau Superior.
Principais contribuições
Uma das principais contribuições de Kay Bussey é a integração da teoria social cognitiva com o estudo do desenvolvimento moral e o comportamento social. Em colaboração com Albert Bandura, ela publicou trabalhos seminais que exploraram como as crianças aprendem comportamentos morais e normas de gênero por meio da observação e imitação de modelos sociais. Em um artigo de 1999, Bussey e Bandura destacaram o papel da autorregulação e das crenças de autoeficácia no desenvolvimento moral, enquanto em outro estudo, de 1992, eles investigaram como as crianças internalizam normas de gênero mediante a observação de figuras de referência, como pais, professores e colegas. Esses estudos têm implicações significativas para a educação e a prática clínica, especialmente no que diz respeito à promoção de igualdade de gênero e ao combate a estereótipos prejudiciais.
Outra área de destaque em sua pesquisa é o estudo do bullying, tanto offline quanto cibernético. Bussey investigou fatores sociocognitivos, como autoeficácia e desengajamento moral, que influenciam o comportamento de agressores e vítimas. Seu trabalho também abordou estratégias para transformar espectadores em defensores construtivos de vítimas de bullying, além de explorar as consequências do cyberbullying na saúde mental, como ansiedade e depressão.
As pesquisas de Kay Bussey abrangem uma variedade de tópicos aplicados à educação e ao atendimento clínico, incluindo:
- Desenvolvimento moral e desengajamento moral: investigação sobre como as crianças desenvolvem valores morais e como o desengajamento moral pode levar a comportamentos prejudiciais, como o bullying;
- Desenvolvimento de gênero e identidade de gênero: estudos sobre como as crianças internalizam normas de gênero e de que forma essas normas influenciam suas escolhas e comportamentos;
- Bullying e cyberbullying: pesquisas acerca dos fatores que contribuem para o bullying e estratégias para combatê-lo, com foco no papel dos valores morais e da empatia;
- Práticas parentais e castigo físico: estudos sobre o impacto do castigo físico no desenvolvimento infantil;
- Participação de crianças no sistema jurídico: pesquisas sobre como as crianças são afetadas por sua participação em processos judiciais;
- Influências das mídias sociais: análise dos efeitos positivos e negativos das mídias sociais no desenvolvimento social e na imagem corporal de crianças e adolescentes.
Considerações sobre um ou mais aspectos da trajetória
Suas contribuições para a teoria social cognitiva e seus estudos sobre desenvolvimento moral, gênero e bullying têm implicações significativas para a educação, a prática clínica e a formulação de políticas públicas. Seu trabalho não apenas influenciou a psicologia e a pesquisa acadêmica, mas também teve implicações práticas na educação e na clínica psicológica, auxiliando na promoção de comportamentos saudáveis e na redução de estereótipos de gênero. Sua trajetória reflete um compromisso com o desenvolvimento de uma psicologia que contribua para o bem-estar social e individual.
Depois de estudar Psicologia Clínica e do Desenvolvimento na University of Queensland e na University of Oregon (EUA), Kay recebeu o título de Ph.D. pela Universidade University of. Ela assumiu uma bolsa de pós-doutorado sob a supervisão do professor Bandura na University of Stanford. Ao retornar à Austrália, aceitou uma nomeação acadêmica na University Macquarie enquanto continuava sua colaboração com o professor Bandura na Stanford University como visiting scholar e durante frequentes visitas informais.
Para conhecer mais
Kay Bussey publicou mais de 140 artigos em periódicos revisados por pares. Sua pesquisa foi amplamente citada e reconhecida por sua relevância tanto acadêmica quanto prática. Suas publicações mais influentes estão listadas a seguir.
Bandura, A., & Bussey, K. (1999). Social cognitive theory of gender development and differentiation. Psychological Review, 106(4), 676-713. https://doi.org/10.1037/0033-295X.106.4.676.
Bussey, K., & Bandura, A. (1992). Self-regulatory mechanisms governing gender development. Child Development, 63(5), 1236-1250. https://doi.org/10.2307/1131530.
Bussey, K. (2011). Gender identity development. Em S. J. Schwartz, K. Luyckx, & V. L. Vignoles (Eds.), Handbook of identity theory and research (pp. 603-628). Springer. https://doi.org/10.1007/978-1-4419-7988-9_25.
Bussey, K. (2008). The role of gender identity in children’s gender-typed choices. Developmental Psychology, 44(3), 823-833. https://doi.org/10.1037/0012-1649.44.3.823
Bussey, K., & Perry, D. G. (1982). Same-sex imitation: The avoidance of cross-sex models or the acceptance of same-sex models? Sex Roles, 8(7), 773-784. https://doi.org/10.1007/BF00287583.
Bussey, K. (2013). Gender development. Em P. D. Zelazo (Ed.), The Oxford handbook of developmental psychology (Vol. 2, pp. 788-809). Oxford University Press.